Quando vemos repercutir na imprensa relatos de resgate de pessoas que trabalham em situação precária e degradante, logo projetamos uma análise da questão pelo viés do Direito do Trabalho, o que não deixa de ser correto.
Um exemplo recente, é o caso em que 270 pessoas foram resgatadas de uma colheita de uva onde eram obrigados a realizar trabalho análogo à escravidão, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. As frutas colhidas no local eram fornecidas para vinícolas famosas.
Contudo, o caso flagrado em Bento Gonçalves não é um fato isolado. Dados do Ministério do Trabalho apontam que, em 2022, foram resgatados 2.575 trabalhadores que eram explorados e tinham seus direitos trabalhistas violados. Já em 2023, o Ministério do Trabalho aponta o resgate de 523 vítimas de trabalho análogo à escravidão.
Este cenário infelizmente pode ser observado em todo o país. No último ano, em apenas três estados brasileiros não foram registrados casos do tipo. E, assim como no exemplo de Bento Gonçalves, todos esses trabalhadores em situação de exploração faziam parte de uma cadeia de produção. Você já imaginou o que pode acontecer se houver mão-de-obra escravizada na cadeia de produção do seu produto ou serviço?
Do viés trabalhista para o impacto social
Quando falamos em ESG (Environmental, Social and Governance) ou mais precisamente do Social, também estamos falando em zelar pelo bem-estar dos indivíduos, inclusive durante a prática laboral. A condição de trabalho dos seus empregados e dos empregados de seus parceiros, que contribuem para sua cadeia de valor, também são relevantes para a imagem da sua empresa.
Sua companhia precisa evitar atuar junto a um fornecedor que exija de seus funcionários uma carga horária exaustiva, que ofereça a eles condições inadequadas de trabalho, moradia ou alimentação. Este tipo de prática fere os princípios dos direitos trabalhistas e dos direitos humanos. E a partir do momento em que esse tipo de situação vem a público, provoca a reprovação de boa parte dos consumidores que está cada vez mais exigente com as práticas e valores das marcas que consome.
Eis a razão pela qual o diagnóstico de ESG da sua empresa precisa incluir um mapeamento dos stakeholders internos e externos, independentemente da sua área de atuação. Tal análise pode evitar que a sua empresa seja associada a práticas que ferem direitos, descumprem a legislação e geram impactos negativos na sociedade.
O que deve ser considerado no mapeamento de stakeholders?
Para mapear os stakeholders é necessário fazer um trabalho minucioso de análise e avaliação, com o objetivo de identificar os interesses desses colaboradores e o seu papel na atividade do seu negócio.
Assim como em outras ações de ESG, o mapeamento de stakeholders requer a atuação de um profissional qualificado para o trabalho. Um investimento necessário, considerando o potencial preventivo diante de possíveis crises e os benefícios para a imagem da sua empresa.
Mapear os stakeholders não é uma prática nova. Ela já está presente nas maiores empresas que buscam alcançar maior conhecimento e controle em suas áreas de atuação. Um objetivo que adiciona diferencial de competitividade a quem adota a prática. Por isso, não deixe de se atualizar para garantir, ao máximo, as melhores práticas na sua cadeia de produção, sem correr o risco de ferir as demandas de ESG.
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